sábado, 15 de setembro de 2012

FIRME NAS MINHAS CONVICÇÕES


Sou e sempre fui avesso a qualquer tipo de convenção, contudo, nem por isso deixo de seguir algumas regras “socialmente aceitáveis”, já que não vivo na Caverna de Platão!

Pois bem, numa dessas pândegas, que envolvia música e bebida, e, claro, comida alternativa - mais adiante entenderão, de per si, o que estou tentando dizer, fui a uma das três cidades do sistema solar onde foi descriminalizado todo e qualquer consumo de substância ilícita (a primeira é Amsterdam na Holanda, e as outras duas são, São Tomé das Letras e Pirenópolis), quando me deparei com as mais inusitadas e constrangedoras situações.

Certa feita fui convidado por um amigo, de codinome Jim Morrison, pelas razões óbvias, a conhecer a belíssima e rústica cidade de Pirenópolis, cidade turística no interior goiano, distante 121 Km da capital, para um sarau que seria promovido por um amigo seu “intercambista” que conhecera em um chat “cabeça” de música.

E lá fomos! 

Como é sabido, sou um aficionado por música e um músico medíocre (já que nunca tomei banho na Banheira do Gugu), foi iludido com a história de que teria um cara paulistano, amigo desse cara importado, que seria a própria reencarnação do Jimi Hendrix, no violão (isso por que o esquema era nature, e uma guitarra ELÉTRICA poderia agredir a camada de ozônio).

Não pensei duas vezes, também nunca aguentei pressão, e pulei dentro da sua “viatura”, um opala SS 79, quatro marchas, carro de Macho!

Empolgados, eis que íamos lindos (tinha mais couro na testa do que tinha na barriga, bons tempos), belos e fulgurantes, caímos na estrada, com a grana miúda, como todo adolescente, e com aquela coragem e expectativa que só tem quem espera aquele presente no dia do seu aniversário.

Bem, como sempre fui avesso a convenções e estereótipos - apesar de ter em uma das minhas proteínas que compões o meu DNA (me perdoe por não lembrar exatamente qual era, se era URACILA, ADENINA, CITOSINA OU GUANINA), aquela capacidade cognitiva e de observação que só temos, o operador do polígrafo da CIA, James Bond e Jason Bourne.

Eis que chegamos ao local e, como não poderia deixar de ser, esse meu “dom” começou aflorar de plano.

Pensem na coisa mais estranha e engraçada (me pareceu naquele momento) que fui acometido.

Insta consignar, que quando vamos a estes ambientes diferente do nosso, o espanto ou o deslumbre, são como uma tatuagem, vem grudado em nós, sem que percebamos. 

É algo espontâneo, involuntário. 

Mas não deixa de ser engraçado, se virmos pelo meu prisma.

O lugar estava eivado de figuras estereótipas, caricatas e, não mais que de repente, interessantes, exóticas, enfim.

Mulheres com seus cabelos soltos ao natural (leia-se, sem trato), sandálias feitas de casca de côco, solado de pneu, com adornos e apetrechos dignos de encantar qualquer estudante de design de moda, pinturas abstratas, surreais, em suma, uma tela de Siron Franco, um CD de Fernando Perillo - não dá pra entender.

Longe de mim ser clichê, mas aqueles convivas pertenciam ao imaginário comum, eram professores de história, estudantes de jornalismo, antropólogos e demais personagens compõe o mundo daqueles contra o sistema (contra o sistema solar), politizados, cheios de pensamentos agressivos, entoando como mantra, palavras de ordem do tipo “salvem as baleias, fora FMI, salvem o frango da Malásia (todas com exclamação ao final).”

Pensem, num ambiente alternativo.

Pois bem, como havia ido lá despido de qualquer “terceira intenção”, misturei-me aos demais e, como não poderia deixar de ser, procurei entender os verbetes e vernáculos daquele idioma daquele mundo novo.

Como sempre, me passei incógnito.

Abusei da minha capacidade “camaleônica” de adaptação natural e fui me interagindo com aqueles simpáticos e simplórios convivas.

Lá pelas tantas, depois de debater exaustivamente o “existencialismo”, a teoria gênica e demais papos cabeças do gênero, fui surpreendido por uma figura exótica.

Digo, não só por sua beleza incomum e demais apetrechos visuais que impressionam, segundo a bíblia, aqueles de cromossomos XY. 

Mas sim pela sua pouca idade (já que naquele clã habitavam somente os experientes, os já vividos, aqueles que tinham, de alguma maneira, motivo pra insurgirem contra o sistema solar), na mais tenra idade, gozando da sua recém-maioridade penal.

Como é notório, sempre fui e ainda sou, uma pessoa despida de qualquer preconceito - talvez por minha formação espírita, aprendi que alteridade, vai muito mais além de aceitar as pessoas da maneira que são e não como gostaríamos que fossem e, que dialética é a cura universal da intolerância, fui abordado com um olhar lânguido (pois naquele lugar, emitir uma palavra poderia causar um imenso estrago na camada de ozônio, como já dito).

Vamos lá! Pensei!

Como nada no mundo me choca, me deixei ser levado pela inusitada experiência.

Pasmem!

No meio das divagações libidinosas, lembre daquela proteína (do DNA) mencionada preteritamente, qual, de imediato, aflorou aquele sexto sentido, sei lá, qual me dera a sensação de Déjà Vu, notei que aquela jovem, alternativa é claro, queria “ampliar os meus horizontes”.

Quando num átimo, quase que ininterrupto, ela indaga:

- Posso fazer uma coisa?

De repente senti um frio na lombar (mais precisamente na L3), uma sensação parecida com uma anestesia peridural, e fiquei alerta (DEFCON 1 - leia,se, sistema de alerta máximo americano).

Como havia dito que nada me chocava, eis que fui surpreendido (nem tanto pelo fato em si, e sim pela modernidade) pela “francesinha” – afinal de contas o dedo tem a falange proximal, a medial e distal e, só, somente ao extremo, a francesinha.

E num "arco-reflexo" involuntário dei uma "trancada no registro" , antes mesmo dela tentar lograr êxito!

Fiquei com câimbra do bulbo até o orifício terminal do aparelho digestivo, bem naquele lugar onde a coluna muda de nome.

Nada contra!

É que não sou muito moderno do tipo europeu ocidental, acho que sempre fui do leste europeu, meio tradicional (na minha época a gente namorava de burca).

Naquela porção imaculada da minha anatomia, qualquer tipo de ofensa, pra mim ainda é tabu, pois fui criado assim "no lugar onde sai feijão não entra linguiça" (ECLESIASTES 3:2) e pra mudar isso é só me EXORCIZANDO!

Prefiro me manter firme nas minhas convicções!

LUCIANO MAIA 

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