sexta-feira, 2 de novembro de 2012

INVESTIMENTO CULTURAL


INVESTIMENTO CULTURAL

Quem nunca perdeu a noção de tempo e espaço quando envolvido com algo que literalmente de entorpece?

Pois bem, penso que essa é uma fraqueza típica do ser humano.

Deixar tudo pra última hora, pagar pra ver, cometer as mais clássicas falácias “Eu sei o meu limite”, enfim.

Certa feita, fui convidado para uma roda de choro em Brasília com o fito de comemorar o aniversário de um grande amigo, também músico, mas juiz federal de ofício.

E para tal pândega resolvi convidar a minha versão feminina (leia-se, adicta inveterada em boa música e demais desígnios do gênero) para me acompanhar.

Lá fomos nós, belos e fulgurantes. Aqui é importante consignar que tal companhia é, por sua vez, a minha outra metade, minha melhor amiga, confidente e protetora.

Andréia Marinho, de alcunha Beaju, advogada, hoje mãe e esposa dedicada, conhecida no meio musical pelo bom gosto e pela voz imponente, aveludada e de uma afinação absurda, foi quem me deu a honra de me acompanhar naquele evento que seria o mais importante daquele ano.

Chegamos em Brasília, nos hospedamos na casa de um outro amigo em comum e, imediatamente fomos “escalar aquela serra”.

Tudo perfeito!

Contudo, como éramos jovens e, como todo bom jovem que se preze, estávamos desprovidos de pecúnia até mesmo para a nossa própria mantença. Mesmo assim decidimos encarar aquela guerra.

Foram três dias maravilhosos de festa, com tudo que tínhamos direito, desde ver e tocar com artistas de renome nacional até sermos ovacionados por aqueles convivas.

Bem, dado certo tempo, um olhou pra cara do outro e disse: “Gastei quase tudo que tinha, só restou a grana da passagem de ônibus”.

Eu, imediatamente retruquei: “Não esquenta, ainda tenho uma reservinha aqui”!

Foi quando tudo começou.

Eu sempre fui meio sugestionado com algumas coisas, não aguento pressão, melhor ainda, não aguento “DOIS VAMOS?, é pressão demais pra minha cabeça.

Eis que fomos convidados a ficar para a resenha do quarto dia.

Instantaneamente dissemos em um coro uníssono OPA! DEMOROU, MEU NOME É PRONTO!

E lá ficamos.

No dia de irmos embora foi quando nos demos conta de que havíamos torrado até o último centavo. Foi um choque!

Beaju, sempre precavida, disse que tinha um cartão de crédito, que passaria a despesa das passagens no mesmo de depois “suicidaria” para pagar.

Compramos as passagens e ficamos aguardando a saída do ônibus pra Goiania.

Como foram quatro dias de festa, sem comer direito, bebendo tudo que era líquido, nada mais normal macular a minha fisiologia.

Pois bem, comecei a entrar em trabalho de parto e fiquei desesperado quando entrei no banheiro da rodoviária e deparei com o zelador do mesmo.

Putz! Fudeu! Será que paga pra cagar?

Nem me toquei que aquilo ali era uma caixinha, imbuído de “toda honestidade e inocência” do mundo saí desesperado procurando algum canto que pudesse parir aquela criança.

Depois de vagar por aquela estação, notei, quase ao final dela, um banheirinho bem surrado que ficava num canto próximo ao almoxarifado daquele lugar.

Não pensei  duas vezes, caí dentro!

Haviam três reservados mas somente um tinha porta, foi nesse que eu entrei.

Saquei o rolo de papel higiênico e forrei a tampa do bocão e pulei em cima.

Para minha desventura a porta fechava mas não tinha trinco. Beleza!

Sentei meio  lado e com a outra perna, na ponta dos pés segurei a porta. Foi uma batalha, vez que determinado movimento que fazia para fechar a porta, sem perceber, com o peso da perna eu também fechava o “registro”, e em meio a esse sofrimento todo , conseguia liberar alguma coisa.

Antes de tudo isso, havia combinado com a Beajú, que se nossa viatura estivesse partindo era  pra ela me telefonar.

Foi dito e feito! O telefone tocou, o desespero falou mais alto, e naquela ginástica toda eu resolvi botar tudo pra fora de  uma única vez. Pensem no tamanho da força que eu fiz, foi quase a mesma de um parto natural, achei que teria um aneurisma.

Dada a situação já descrita anteriormente, aquilo tudo quando saiu fez um barulho ensurdecedor, parecido com uma freada de caminhão.

Brasília, como se sabe, é uma cidade cosmopolita, terra prometida, 90% de sua população é de nordestinos. Assim ao ouvirem aquele som nefasto, a galera que estava de dentro começou a gritar “EITA DIABO! ESSE FICOU TODO ARROMBADO!”...

Foi foda.

Como eu havia me preocupado com a assepsia do bocão, nem tinha me dado conta que o papel acabara, foi quando resolvi usar a minha meia.

Passei pelo que passei em nome da música e quando vinham me dizer que eu não devia ter gasto tanto assim eu imediatamente dizia: “Ah!Estou fazendo investimento cultural!”

Luciano Maia

sábado, 6 de outubro de 2012

AFASTADO DA CASA DE DEUS


AFASTADO DA CASA DE DEUS

Nunca fui um cristão, digamos assim, praticante.

Fomos criados aos olhos de Deus, dentro dos preceitos morais e éticos, enfim.

Mas afinal de contas definir essas “palavrinhas”: ética e moral é quase que uma dízima periódica. Extensa na sua definição e infinita na sua acepção.

Ética é a ciência da Moral! Pronto fudeu! Ficou na mesma!

Bem, livre desta “obrigação” me formei com aqueles ensinamentos conforme as regras socialmente aceitáveis.

Esta semana me vi diante destes dogmas (assim prefiro classificar) quando vi o meu maior ídolo, o motivo de tudo que sou e daquilo que pretendo ser, respeitando o próximo imbuído de toda alteridade de causar inveja em Karl Jasper, à beira da morte.

Como todo desesperado que busca auxílio no oculto, não diferente, me pus numa conversão extrema no afã de ver minha súplica ser acolhida.

Depois de recobrar os sentidos, percebi, conforme minha orientação religiosa, que a fé está nas pequenas coisas, que não precisamos expor nossas fragilidades aos formadores de opinião oportunistas que nos fazem aquela lobotomia social, tentando nos convencer que ali está a saída.

De tendências espíritas, consegui, não sei como, recobrar a minha consciência, minha capacidade cognitiva e lógica, para entender que tudo que basta é sermos a própria fé, o próprio templo.

Confesso que quase me converti ante a tal estertor.

Assim, num coro uníssono, com minha família acreditamos e vivemos o impossível, e hoje, tenho o meu amado PAI, retornando para os nossos braços contrariando o improvável e a lógica natural e de credo, de volta!

Acho que estive muito tempo “fora” da casa de Deus! Embora tivéssemos sido orientados a fazer o bem, ainda sofremos por não esperar nada em troca (conrínthios) pelo bel prazer de ver um sorriso e/ou um abraço sincero de gratidão.

Perdoe Deus se estive tanto tempo fora da sua casa, é que eu estava ocupado acalentando outrem.

Obrigado por me trazer de volta a esperança de que meu Pai vai nos assistir por alguns anos à mais!

Luciano Maia

SIMPLES ASSIM


SIMPLES ASSIM

Amo as pessoas pelo simples fato de serem
As amo pela piada, pelo astral, por me distraírem da realidade
Amo estar junto, pela confraternização nefasta
As amo por não terem

Não obstante, me agrupo por afinidade
Discuto, discordo, não transijo
Mas me sinto à vontade, posso ser eu
Assim me conforta poder ter autenticidade

É foda já que a natureza humana sempre me contraria
Porém, como dantes dito, gosto só por serem
Confesso que ainda não aprendi a conviver com a falta de lealdade e gratidão
Mas faço a minha parte, o resto Jesus me guia

Este sou eu

“Sou como eu sou
Pronome pessoal intransferível
Do homem que iniciei
Na medida do impossível” (Torquato Neto)

Luciano Maia

domingo, 23 de setembro de 2012

A LETRA ESCARLATE, A ESTÓRIA QUE GANHOU VIDA NA CULTURA DO HOMEM COMUM


A LETRA ESCARLATE, A ESTÓRIA QUE GANHOU VIDA NA CULTURA DO HOMEM COMUM

É impressionante como nos guiamos por convenções sociais das quais somos definidos pelos outros quanto ao nosso caráter.

Somos incapazes de dissociar o SER do ESTAR.


SER, é uno, é absoluto, é o que nos individualiza dos demais.

ESTAR é movimento, temporal. Por exemplo: Eu estou bem, contudo, amanhã posso estar mal. 

Tais definições leigas sobre a nossa conduta quase sempre transcende o próprio indivíduo. Toma proporções absurdas, capazes de macular uma linhagem genealógica inteira. Possui contornos consanguíneos.

“Este sujeito aí é o tataraneto daquele PORRA LOUCA!”

O certo é que todos cometemos pequenos erros quando jovens, ou por questões pontuais, que nunca interessam aos estranhos, pelo simples processo da evolução natural, que ao tempo, contrariara aquela regra socialmente aceitável.

Espero que possamos evoluir como pessoas e separar que não somos o ato reprovável, e sim apenas ESTAMOS daquele jeito.

Não devemos marcar as pessoas como quem marca um animal irracional de maneira sugestionável ao ponto de escraviza-las ao vexatório eterno, segregá-las pela nossa ignorância e hipocrisia habituais.


Luciano Maia



A FÍSICA MECÂNICA APLICADA NA PRÁTICA


A FÍSICA MECÂNICA APLICADA NA PRÁTICA

Situações constrangedoras são mais comuns do que se pensa. Na verdade fazem parte da nossa vida.

Pois bem, certa feita eis que fui convidado por um amigo para passar o final de semana em Caldas Novas, cidade turística do interior de Goiás, famosa por ser a maior estância hidrotermal do mundo.

Fomos no carro desse amigo que havia acabado de comprar.

Delon, sujeito de fino trato, rapaz educado de boa família, era conhecido no meio da nossa turma por seus dotes físicos avantajados. Jovem de trato urinário absurdamente gigantesco, para os padrões do homo sapiens, de raio “circunferêntico” (peço licença para o neologismo) igualmente assustador, era pacato e tímido.

Bem, lá fomos ávidos para colocar o possante zero quilômetro na estrada. Eis que começa o meu martírio.

Como é sabido, dirigir nos grandes centros urbanos é, na sua lógica, estressante coisa e tal, mas fazê-lo numa rodovia estadual de pista simples, é adrenalina pura, demanda de mais cuidados e práticas reiteradas.

Querendo me impressionar (pelo menos eu creditava nisso à época) ele imprimia toda a velocidade daquele carro popular de 1000cc, pneus finos, básico, e recém-tirado da concessionária, no afã de lhe conferir o “amaciamento” do motor.

Bem, existem pequenos trejeitos que nos revelam a ausência de capacidade técnica ou científica do ser humano. Qual, por sua vez, era gritante naquele momento, já que o mesmo desprezava qualquer das leis da física.

Em tempo, senti meu corpo sofrendo pequenas alterações, mas precisamente, e nesta mesma ordem: apêndice, cólon ascendente, parando no cólon transverso, além de pequenas câimbras na região do esfíncter.

Com todas as bênçãos de Deus, chegamos inteiros, sãos e salvos.

Imediatamente fomos para a casa de uma amiga que o convidara originariamente para aquele final de semana ensolarado e afins.

Diante daquelas sensações que haviam maculado meu sistema nervoso, percebi que algo tinha mudado, aquela munição de estrume que estava paradinha no cólon transverso já tinha passado para o descendente, estacionando no cólon sigmoide.

Foi quando notei que naquela casa de veraneio só haviam mulheres e, é claro, um banheiro.

Fiquei aterrorizado, constrangido, pensando nos efeitos que isso iria causar a minha imagem com aquelas jovens moças. Afinal de contas essa primeira impressão é, quase sempre, a mãe da “simpatia voluntária”.

Depois de algumas voltas pela casa, com o fito de me certificar de verdade se havia somente um banheiro, vi, através das grades do portão, que havia uma pequena porção de terra (lote baldio) limítrofe ao muro dos fundos da casa, que agasalhava entulhos de uma construção.

Pronto! Resolvido o problema! Vou contemplar a natureza!

Naquele momento eu nem me importei com demais desígnios que gosto de praticar quando daquele momento, que pra mim é litúrgico (já que meu sistema excretor, talvez pela doutrina em que foi criado, funciona melhor quando o meu sistema visual encontra alguma leitura, nem que seja caixa de sabão omo, vidro de champoo), coisa e tal.

Contudo, seguindo a ordem desafortunada de todo o passeio, fui analisar o local para ver o melhor canto para que pudesse praticar aquele natural e humano ato.

Aqui senhores, quando digo analisar o faço na acepção literal da palavra, um local, com sombra (de preferência), longe das formigas e, o mais importante, que pudesse me deixar INVISÍVEL.

Novamente, a maré de azar era tanta, que quando decidi fazer o teste, ainda de roupa, é claro, me posicionei atrás de um monte de entulho e me pus de cócoras, quando notei que o relevo do lugar não favorecia a minha gana (ficar invisível), deixando assim, notória toda a porção parietal, frontal e occipital da minha cabeça, de tal sorte que seria facilmente identificado, já que minha principal característica “fenótipa” é a minha alopecia androgênica (leia-se, calvo, careca o caralho).

O que se sabia era que teria de improvisar algo novo, outra alternativa, já que estava começando a entrar em “trabalho de parto”.

Voltei para o interior da casa e me pus próximo ao banheiro, com o fito único de verificar a frequência que aquela parte sanitária era utilizada.

Coisa foi piorando cada vez mais, já que as mulheres adentravam no mesmo com certo intervalo, não muito espaçado de temo.

Como fiquei incumbido de fazer apenas a análise temporal dos fatos, deixei de analisar as condições locais, motivo pelo qual não percebi que o banheiro ficava quase dentro da cozinha, o que poderia trazer ainda mais desconfortos e infortúnios aos demais já que estava quase na hora do almoço.

Desesperado, com intervalos de contrações parturientes de minuto a minuto, busquei no fundo da minha memória qualquer outra ideia que pudesse colocar em prática, eis que fui agraciado pela luz da memória fotográfica e inteligível, me lembrei da professora Helena, qual me havia lecionado as primeiras noções básicas de Fisica Mecanica na sétima série.

A coisa ficara simples, tudo que tinha de fazer era calcular a velocidade média que aquele santo lugar era usado.

Vm=ΔS/Δt, tava no papo.

Neste interregno todo, já estava com os nove meses de gestação completos, o que poderia atrapalhar o espaço de tempo que teria para me desfazer da criança que havia em mim, já que (calculei por aproximação, estimava uns dois quilogramas de emoção para serem expelidos) com essa pequena alteração de peso demandaria de um pouco mais de tempo, que eu não tinha.

Entrei neste habitáculo, e com os dois dedos polegares, tirei a calça, a cueca e a meia, e dei um empurrão com todas as minhas forças, como quem vai botar um ovo de avestruz, e larguei o canudo dentro do bocão, achei que teria um AVC na hora.

No mesmo micro segundo já havia me vestido e com pé dado a descarga. O desespero era tanto que deixei para fazer a assepsia do orifício terminal do aparelho digestivo em um banho discreto e providencial de uma ducha no corredor ao lado da casa, assim teria mais esmero com a limpeza, pois teria grandes chances de ficar pequenos incômodos nos pelos protetivos daquela parte intocável do meu corpo, tais com o caroço da goiaba, a “capa” do feijão e demais do gênero.

Pensem no que eu passei.

Graças ao Bom Senhor que não me deixou cabular aquela importante aula de física.


Luciano Maia

sábado, 15 de setembro de 2012

SE FOR MENTIR, MINTA DIREITO


  1. Se for mentir, minta direito

    Ainda me lembro, vividamente, das minhas pândegas de adolescência. Numa delas, estava eu, com um grande amigo, chamado Leandro Franco, vulgo Leando Barui. Jovem, de porte médio, bem apessoado, vaidoso, de bom gosto, conhecido no meio do nosso grupo, pela malandragem e por sua capacidade infinita de se relacionar nos mais variados ambientes e nas mais variadas classes soci
    ais.

    Embuído destas qualidades camaleônicas, eis que um dia, o Leandro me convidou para ir a um Pub que recém inaugurara em Goiânia, domicílio e palco das mais diversas situações inusitadas.

    Pois bem, éramos jovens, gozando da nossa absoluta falta de responsabilidade, como todo jovem, sem grana e como um vulcão na mais atômica erupção.

    Decidimos ir então ao tal bar, com a cara e a coragem habituais, munidos apenas de informações gerais (afinal de contas tínhamos de ter algo a dizer para que pudéssemos impressionar pelo conteúdo, já que pela capacidade financeira era absurdamente prejudicada) e coragem.

    O Leandrão, como sempre foi, desde quando eu o conheci, gostava de se passar por membros da alta sociedade, já que sempre fora de classe inferior e de “pouca leitura” (essa parte explico mais adiante)
    Munido de bom gosto, conhecendo bons perfumes, lugares, bebidas e lugares exóticos, todos aqueles que impressionam os vazios, frutos de linhagem privilegiada, adorava se passar por outrem, dada a sua capacidade fenomenal de conhecer (e de ouvir) certos assuntos. Decidiu neste dia se passar por acadêmico de medicina, logo ele que tinha a 7ª série do ensino médio.

    Neste diapasão, eis que estou no meio daquela festa toda, percebo uma garota falando comigo por meio de sinais (na verdade movimentando os lábios) dizendo qualquer coisa, da qual eu mesmo deduzi naquele momento.

    Quando de repente ela me indaga: “VOCÊ TAMBÉM FAZ MEDICINA?”, numa fração de segundos, fui contaminado pela minha capacidade cognitiva (leia-se, “a lógica do amigo que conhece o amigo em todos os sentidos”), respondi, meio sem jeito, que sim.
    Ela se aproximou de forma bem amistosa, como quem, finalmente, encontra alguém que falasse a mesma língua, e pôs-se a contar a sua vida.

    Diante de tal estapafúrdia situação, optei por manter aquele nível de relacionamento, pensando no que o Leandrão estaria aprontando. Afinal de contas, amigo é pra essas porras.

    De repente, me chega o Leandrão com uma jovem vistosa que acabara de conhecer , num clima romântico e íntimo, no mesmo estilo “carnaval da Bahia”, e se misturam com a gente.

    No meio dessa nova amizade surge indagações, daquelas inevitáveis, quais se fazem quando se conhece alguém, do tipo: Fiquei sabendo que você (pra mim primeiro) também faz medicina, eu, imediatamente, ratificando o que meu raciocínio lógico deduzira preteritamente, respondi, sim, você também?
    Ela, logo em seguida, onde cursa?
    Respondi, em Belém na UFPA, e você?
    Eu faço aqui mesmo em Goiânia na Federal.
    No mesmo tempo, ela pergunta, o que está fazendo aqui em maio?
    Disse, a minha universidade está de greve, igual a sua.
    E ela, é mesmo!! Rindo meio sem graça.
    Que ano você está?
    Eu estou no último ano ( o quinto ano, pois no sexto ocorre estágio obrigatório, que neste curso chamam de internato).
    E ela, nossa!! Já fez e sua monografia?
    Respondi, estou finalizando.
    Ela – Sobre o quê?
    Disse prontamente, sobre a síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser.

    Pois bem, vocês devem estar se perguntando, como eu saberia daquilo tudo com tanta proficiência. Digo-lhes.
    Sou caçula de três filhos, qual a mais velha (somos dois homens e uma mulher) era, àquele tempo, acadêmica de medicina naquela instituição de ensino mencionada anteriormente (UFPA), e, por incrível que pareça, estava fazendo a tal monografia no mesmo momento.
    Como ela não tinha muita habilidade em informática e digitação, demais desíginios, eu estava digitando a tal fadada tese de final de curso, motivo pelo qual estava tão familiarizado com tais termos técnicos.

    O Leandrão, quando sabatinado pelas mesmas indagações, imediatamente, respondeu, com aquela cara de “vixe, e agora?”, respondeu, de pronto: EU FAÇO MEDICINA EM COCHABAMBA, NA BOLÍVIA”!

    Por isso que digo e afirmo, se for mentir, minta direito, pois o mundo não está mais tão cheio de imbecis como antes.

    Luciano Maia


FIRME NAS MINHAS CONVICÇÕES


Sou e sempre fui avesso a qualquer tipo de convenção, contudo, nem por isso deixo de seguir algumas regras “socialmente aceitáveis”, já que não vivo na Caverna de Platão!

Pois bem, numa dessas pândegas, que envolvia música e bebida, e, claro, comida alternativa - mais adiante entenderão, de per si, o que estou tentando dizer, fui a uma das três cidades do sistema solar onde foi descriminalizado todo e qualquer consumo de substância ilícita (a primeira é Amsterdam na Holanda, e as outras duas são, São Tomé das Letras e Pirenópolis), quando me deparei com as mais inusitadas e constrangedoras situações.

Certa feita fui convidado por um amigo, de codinome Jim Morrison, pelas razões óbvias, a conhecer a belíssima e rústica cidade de Pirenópolis, cidade turística no interior goiano, distante 121 Km da capital, para um sarau que seria promovido por um amigo seu “intercambista” que conhecera em um chat “cabeça” de música.

E lá fomos! 

Como é sabido, sou um aficionado por música e um músico medíocre (já que nunca tomei banho na Banheira do Gugu), foi iludido com a história de que teria um cara paulistano, amigo desse cara importado, que seria a própria reencarnação do Jimi Hendrix, no violão (isso por que o esquema era nature, e uma guitarra ELÉTRICA poderia agredir a camada de ozônio).

Não pensei duas vezes, também nunca aguentei pressão, e pulei dentro da sua “viatura”, um opala SS 79, quatro marchas, carro de Macho!

Empolgados, eis que íamos lindos (tinha mais couro na testa do que tinha na barriga, bons tempos), belos e fulgurantes, caímos na estrada, com a grana miúda, como todo adolescente, e com aquela coragem e expectativa que só tem quem espera aquele presente no dia do seu aniversário.

Bem, como sempre fui avesso a convenções e estereótipos - apesar de ter em uma das minhas proteínas que compões o meu DNA (me perdoe por não lembrar exatamente qual era, se era URACILA, ADENINA, CITOSINA OU GUANINA), aquela capacidade cognitiva e de observação que só temos, o operador do polígrafo da CIA, James Bond e Jason Bourne.

Eis que chegamos ao local e, como não poderia deixar de ser, esse meu “dom” começou aflorar de plano.

Pensem na coisa mais estranha e engraçada (me pareceu naquele momento) que fui acometido.

Insta consignar, que quando vamos a estes ambientes diferente do nosso, o espanto ou o deslumbre, são como uma tatuagem, vem grudado em nós, sem que percebamos. 

É algo espontâneo, involuntário. 

Mas não deixa de ser engraçado, se virmos pelo meu prisma.

O lugar estava eivado de figuras estereótipas, caricatas e, não mais que de repente, interessantes, exóticas, enfim.

Mulheres com seus cabelos soltos ao natural (leia-se, sem trato), sandálias feitas de casca de côco, solado de pneu, com adornos e apetrechos dignos de encantar qualquer estudante de design de moda, pinturas abstratas, surreais, em suma, uma tela de Siron Franco, um CD de Fernando Perillo - não dá pra entender.

Longe de mim ser clichê, mas aqueles convivas pertenciam ao imaginário comum, eram professores de história, estudantes de jornalismo, antropólogos e demais personagens compõe o mundo daqueles contra o sistema (contra o sistema solar), politizados, cheios de pensamentos agressivos, entoando como mantra, palavras de ordem do tipo “salvem as baleias, fora FMI, salvem o frango da Malásia (todas com exclamação ao final).”

Pensem, num ambiente alternativo.

Pois bem, como havia ido lá despido de qualquer “terceira intenção”, misturei-me aos demais e, como não poderia deixar de ser, procurei entender os verbetes e vernáculos daquele idioma daquele mundo novo.

Como sempre, me passei incógnito.

Abusei da minha capacidade “camaleônica” de adaptação natural e fui me interagindo com aqueles simpáticos e simplórios convivas.

Lá pelas tantas, depois de debater exaustivamente o “existencialismo”, a teoria gênica e demais papos cabeças do gênero, fui surpreendido por uma figura exótica.

Digo, não só por sua beleza incomum e demais apetrechos visuais que impressionam, segundo a bíblia, aqueles de cromossomos XY. 

Mas sim pela sua pouca idade (já que naquele clã habitavam somente os experientes, os já vividos, aqueles que tinham, de alguma maneira, motivo pra insurgirem contra o sistema solar), na mais tenra idade, gozando da sua recém-maioridade penal.

Como é notório, sempre fui e ainda sou, uma pessoa despida de qualquer preconceito - talvez por minha formação espírita, aprendi que alteridade, vai muito mais além de aceitar as pessoas da maneira que são e não como gostaríamos que fossem e, que dialética é a cura universal da intolerância, fui abordado com um olhar lânguido (pois naquele lugar, emitir uma palavra poderia causar um imenso estrago na camada de ozônio, como já dito).

Vamos lá! Pensei!

Como nada no mundo me choca, me deixei ser levado pela inusitada experiência.

Pasmem!

No meio das divagações libidinosas, lembre daquela proteína (do DNA) mencionada preteritamente, qual, de imediato, aflorou aquele sexto sentido, sei lá, qual me dera a sensação de Déjà Vu, notei que aquela jovem, alternativa é claro, queria “ampliar os meus horizontes”.

Quando num átimo, quase que ininterrupto, ela indaga:

- Posso fazer uma coisa?

De repente senti um frio na lombar (mais precisamente na L3), uma sensação parecida com uma anestesia peridural, e fiquei alerta (DEFCON 1 - leia,se, sistema de alerta máximo americano).

Como havia dito que nada me chocava, eis que fui surpreendido (nem tanto pelo fato em si, e sim pela modernidade) pela “francesinha” – afinal de contas o dedo tem a falange proximal, a medial e distal e, só, somente ao extremo, a francesinha.

E num "arco-reflexo" involuntário dei uma "trancada no registro" , antes mesmo dela tentar lograr êxito!

Fiquei com câimbra do bulbo até o orifício terminal do aparelho digestivo, bem naquele lugar onde a coluna muda de nome.

Nada contra!

É que não sou muito moderno do tipo europeu ocidental, acho que sempre fui do leste europeu, meio tradicional (na minha época a gente namorava de burca).

Naquela porção imaculada da minha anatomia, qualquer tipo de ofensa, pra mim ainda é tabu, pois fui criado assim "no lugar onde sai feijão não entra linguiça" (ECLESIASTES 3:2) e pra mudar isso é só me EXORCIZANDO!

Prefiro me manter firme nas minhas convicções!

LUCIANO MAIA 

SENSO COMUM É O HIV DA BURRICE!


SENSO COMUM É O HIV DA BURRICE!

Ainda hoje me surpreendo com as pessoas de entendimento breve e de senso comum.

Sinceramente não as culpo – bem, pelo menos deixei de culpar – já que a percepção acerca de um assunto de relevante valor social e cultural, quase sempre, não fugindo a lógica, se diverge nos pontos mais controversos possíveis.

Pois bem, estava eu, depois de mais um dia estafante daqueles, chegando em casa, quando tive a ingrata sorte de abrir a porta e dar de cara com o meu pai e sua irmã (uma das únicas duas que tem) discutindo sobre política.

Pensem nesta estapafúrdia cena!

Momento este que fui aleatoriamente (prefiro acreditar nisso) indagado sobre o segundo ano do governo Lula.

Desconhecendo o prólogo do assunto, quase que instantaneamente, respondi:

- Não acho nada! Não tenho nenhuma opinião formada sobre esse assunto (quando disse “esse” e não “este”, o faço pela questão literal da palavra desconhecimento).

Não que seja absorto sobre questões pontuais ou cotidianas, mas sim pela sensação, ad eternum, de “sempre mais do mesmo”. Daí prefiro debater tal complexo tema com meu subconsciente.

Imediatamente, ouvi de maneira reprovadora o retruque pronto e imperativo:

- Como não? Pelo jeito você deve ser mais desses universitários (o era ao tempo) que só votam no PT!

Sinceridade amigos, juro que não dei prestígio ao estranhamento pontual do assunto, até ouvi um sermão do meu pai e de minha colateral.

Fiquei sem saber como me manifestar sem que ofendesse, a priori, a capacidade cognitiva e de síntese do assunto, já que na minha opinião, tal discussão é inútil, pelos motivos ventilados preteritamente (entendimento breve e senso comum).

Como explicar para uma pessoa que o Sistema Presidencialista e a Forma Republicana de Governo é, na sua mais íntegra concepção, uma democracia “representativa” da qual o gestor mor não tem capacidade de governar, se não por meio de diálogos e acordos com os demais componentes daquele tipo de governo (leia-se, não totalitário).

Que se colocassem o “Macaco Tião” no lugar daquela figura emblemática, que representa aquela porção territorial e seu povo, não seria nada diferente da rainha da Inglaterra, reina mas não governa. Seria um choque! Seria o mesmo que dizer para os muçulmanos que Alah não existe!

Então, ante tal “saia justa”, fiz, da maneira mais clássica, digna até de um fiel evangélico (no melhor estilo, faça o que digo, mas jamais faça o que faço), exercitei o meu direito de exercitar o senso comum e disse:

- Esta quase na hora do GUGU, passe o controle da TV por favor!

É cada uma!

Pensem na sabatina cultural que iria passar.

Discutir com pessoas de formação limitada, conforme os preceitos militaristas, conviventes e afins da época.

Pessoas que acham até hoje que quem vota no PT é professor de história, jornalista, sociólogos, artistas, enfim, maconheiros agitadores.

Como falar com que só vota em quem está ganhando, com o candidato mais bonito, com quem é, ou está, na situação!

Logo eu, que sou apolítico, firme nas minhas convicções e imbuído de extrema alteridade, herdada da minha mãe, a favor do pluralismo político e inimigo voraz do pluripartidarismo, opinar pra quê!

Culpa (e mérito) dele, por me dar acesso a tanta informação e me criar livre de dogmas e convenções.

É por isso que digo, quando perguntam, qual será o meu candidato para o presente pleito, imediatamente afirmo:

ALI BABÁ, justamente por ter a certeza de que terei de lidar somente com 40 ladrões!

LUCIANO MAIA 

sábado, 8 de setembro de 2012

O LANCE É O MOTOR DE POPA



O LANCE É O MOTOR DE POPA

Conheci, certa feita, o autêntico bom vivant.

Figura impar, de um carisma fenomenal, sem falar no talento profissional, e dedicação com o próximo e família.

Figura esta radicada em Brasilia, conhecido na noite por sua interessante maneira de tocar cavaquinho, já que possuía uma alteração genética que lhe caracterizava seis dedos.

Francisco de Assis Carvalho da Silva, vulgo, Six, Velho Assis, e outras várias alcunhas.

Dotado de uma capacidade de improviso e articulação sobre os mais variados temas, foi uma honra tô-lo conhecido - motivo pelo qual, com toda vênia, este blog tem o nome (daí o porquê do "homônimo") do seu livro.

Abastado por merecimento, vivia nos enchendo de sabedoria, e dentre elas, uma me chamou a atenção, justamente por mexer em questões delicadas acerca do imaginário masculino, tal qual, sexualidade, virilidade e afins.

Numa dessas sábias divagações, disse-nos, com aquela certeza do tipo: "todo mundo vai morrer, dia 25 de dezembro tem show do Roberto Carlos na Globo",  que enquanto tivesse língua e dedo, nenhuma mulher lhe meteria medo.

Todos ficamos encantados com seu argumento lógico, tal como quando "Tia Maria tinha ido ao quintal com o jornal embaixo do braço, já que era tão óbvio que ela tinha ido cagar, já que a mesma não sabia ler"!

Naquele momento isso soou como um Salmo perdido da bíblia, de tão claro e inconteste aquele preclaro adágio tinha nos convencido.

É amigos, realmente precisamos nos livrar de muitos dogmas pre-estabelecidos.

Aquele axioma foi algo de tamanha vanguarda, digno de um verdadeiro Platão contemporâneo.

O lance é mesmo treinar a língua para fazer "o motor de popa", "o CRÉU na velocidade 5".

Língua na forquilha e faca na bainha. 

Fica a dica!

MULHER FEIA É O DIABO



MULHER FEIA É O DIABO

Engana-se quem acredita que a falta de um sentido aguça o outro.

Que mulher feia é mais dedicada.

Isso é uma grande bobagem, uma heresia!

Elas nos fascinam com o seu jeito desenvolto, falante, desbocada às vezes, mas tudo não passa de um embuste.

Mulher feia, quase sempre é a melhor amiga da mulher bonita, daquela que você nunca vai pegar, mas pelo simples fato de ser amiga, você a adora, e a quer sempre perto de ti.

É ela que fala do lado que você escuta, quem dá aqueles conselhos do tipo “Faça o que digo mas não faça o que faço”, ela é o Edir Macedo da nossa vida.

Mas quando o bicho pega, já quem é ela que convence aquela linda, ela dá trabalho demais.

Quer meter de luz apagada, mora longe, fala alto, vai no frigobar daquele motel que ofertou o melhor preço (já que ela nunca se importa se tem grana ou não) e abusa do Keep Cooler.

É o capeta.

Já ouvi, em ditos populares, que mulher feia rouba, só quer ouvir funk e adora criticar os outros enquanto mastiga aquele pedação de carne de boca aberta.

Vai entender!