Como é cediço, as pessoas se agrupam por afinidades, das
quais se manifestam das mais variadas formas, podendo ser de cunho antropológicos,
culturais, sociais, espirituais, e demais desígnios deste mar de abstração de
infinita definição.
Pois bem, por lógica, não poderia jamais me excluir desta
máxima.
Fomos invitados a apreciar uma apresentação musical de um
novo projeto de um grande amigo virtuoso instrumentista e um verdadeiro
alquimista dos sons na cidade de Brasília.
Depois daquela agradável overdose musical e findados os
compromissos artísticos daquela noite, fomos nos deleitar em uma resenha íntima
na casa do talentoso músico - como de praxe em todos os eventos afetos aos
convites que nos são gentilmente feitos para tal mister, para relaxarmos e
continuar nossa pândega sonora em sua residência.
Aludindo ao mote do texto em comento e reiterando o proêmio
versado em linhas pretéritas, nesta amorável resenha, as tribos começaram a se
encontrar.
Importa registrar, que sou conhecido entre os meus convivas,
por minha aversão à convenções e por meu jeito único de me relacionar. Já que
minha tribo é a tribo do abraço, “todas ao mesmo tempo agora”, nos mais
diversos nichos e/ou afins. Sozinho eu não consigo, eu gosto é de somar.
Insta consignar, oportunamente, que todas as resenhas naquele
lugar são deveras mágicas, sempre eivadas de sorrisos, músicas e, claro, muito álcool,
arte e gentilezas ofertadas em demasia pelo jovem casal, mas aqui vou me ater à
consorte qual ensejara o múnus deste testimônio dissertado.
Poetisa desde haploide, penso eu, tem nas veias a arte e a
sensibilidade afeto aos artistas. De personalidade forte e delicadeza de uma
pata de camelo, a suavidade de um mourão de porteira, talhada na bigorna (sic),
bruta, rústica e sistemática, ativista militante e seguidora fidelíssima do
Messias Aldabrão Bilhonário Eneadáctilo – neste predicado político a melhor
definição seria assim: Nazista, Feminista, Comunista, Socialista, Fascista, Marxista,
Jihadista, Fundamentalista, Terrorista, Taxista, Alquimista, Maquinista, e uma
caralhada de “ista”, “nóis na pista”; homos nehandertalis brutalis grelo duralis
polipolaris – hahahaha, a penúltima
página da bíblia do livro do apocalipse
onde descreve o dragão de 7 cabeças, a bala do canhão (chorando de rir)! Mas,
que, porém, solícita, atenciosa de carinhos obsessos, pois TENEMOS QUE
ENDURECER, PERO SIN PERDER LA TERNURA JAMÁS.
Bem, lá pelos idos das horas, alguns amigos do ciclo intimo
do jovem casal também apareceram no afã de dar mais brilho e alegria em nossa
ode etílico-musical. Assim fomos noite adentro, bebendo, rindo e cantando em
nossa celebração à vida.
Como tudo que é bom a hora sempre voa, e nem havíamos
percebido que o dia nascera novamente.
Dos amigos do jovem casal o único estranho era um jovem rapaz
que fazia companhia à irmã desta delicada anfitriã apenas para lhe assistir em
suas questões de cunho lascivo libidinoso, nada mais, além disso.
Com o alvorecer do dia, à aquela altura, todos estávamos com
a língua boiando dentro, ou com a boca cheia de língua, o que motivou a anfitriã
a se recolher para recarregar as baterias.
Contudo, a etiqueta da anfitriã continuou, agora sendo
representada por outra pessoa, uma cópia dela mesma, com os mesmos
predicados de atenção de rusticidade.
O rapaz recém-inserto na tribo, já estava completamente
demente devido ao álcool e demais desígnios de cunho estupefaciente.
Ante sua capacidade intelectual que já era prejudicada, o
novo integrante daquela intifada apocalíptica, estava caindo do chinelo, e desperdiçando
o precioso líquido combustível daquela nave supersônica musical multicultural
frenética colossal! (hahahahahaha)
O que motivou a cicerone que representava a anfitriã intervir
de forma educada e gentil com o jovem apedeuta.
Aqui amigos preciso fazer uma MEA CULPA e me incluir dentro
os demais prejudicados etilicamente. Naquela altura, raiar do novo dia e
naquela sede ad eternum, as sinapses do meu cérebro já não estavam ligando nada
com coisa nenhuma, fazendo minha percepção funcional trabalhar de maneira
sinestésica (sentir o cheiro do som, a cor da luz, etc).
Quando repentinamente comecei a ouvir atabaques, pandeiros e
berimbaus em volumes ensurdecedores. Logo, percebi que aquela gentil cicerone
era a própria anfitriã, no que aduz a delicadeza, quase um pleonasmo visual
bivitelino, só que capoeirista.
Falou de maneira delicada com o jovem ébrio num voluma de
1200 Db, que fez o boné daquele garboso “consolo bípede” cair no chão, que
trincou até uma panela de barro! Pensa na delicadeza da criança – hahahahaha!
Naquela altura a música africana em minha mente já estava
estéreo parecia uma festa rave, só que ao som daquela canção de ninar “PARANAUÊ,
PARANAUÊ PARANÁ, ZUM ZUM ZUM ZUM, CAPOEIRA MATA UM”!
O susto que o coitado levou foi tamanho que ele desencarnou
na mesma hora (afinal de contas eu estava no ápice da sinestesia alcoólica),
mas nada do que eu já estava acostumado.
Mas o que me impressionou mesmo foi ver aquela lady fina e
delicada mandando “bênçãos e martelos rodados de salto alto”! Achei lindo!
Assim corroborei minha neotese acerca das afinidades!
Sensacional!